Lufe

Marcela.
2 min readApr 4, 2024

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queria que esse fosse o último texto, mas sei que ainda vão existir um milhão. assim como também vão existir outras vidas, outras pessoas, outras histórias de amor fadadas ao fim. da mesma maneira que tantos casais apaixonados serão impossibilitados de viver a própria paixão, eu sei que ainda vão existir um milhão de esquinas e curvas e cenas que jamais acontecerão.

cenas que eu criei na minha própria cabeça, numa dessas pausas na rotina corrida, quando eu quase não me recordo do porquê você existe. mas aí eu lembro.

e dói.

eu queria que esse fosse o último texto, não porque eu quero te esquecer, mas porque é cansativo reviver isso todo dia. pra mim e pra você. porque me dói ser a segunda opção quando eu quero ser a primeira. quando eu deixo de ser eu pra caber em você. porque já não faz mais sentido que meus textos sejam sobre alguém que nem existe mais, que eu não conheço, que eu não consigo encontrar.

no meio da minha bagunça, entre mil textos de amor e outros mil de coração partido. entre as conversas de mesa de bar, os devaneios sobre como eu amo amar e como eu queria um dia poder sentir de novo, entre as risadas dos meus amigos e o ar de julgamento porque até eles se cansaram desse drama barato, dessa mesma conversa.

porque eles sabem que eu nunca vou conseguir parar de falar sobre você, nem mesmo quando eu não mais lembrar o porquê. quando eu precisar de algo que me faça recordar das razões pra te deixar pra trás, te reviver ainda vai ser uma das coisas mais difíceis de se fazer. porque eu tinha tanta coisa pra falar, tantos planos, tanto. eu tinha amor pra dar. ele é seu se quiser.

eu sei que a gente ainda vai se cruzar por aí. que você vai rir da coincidência e vai dizer que é bom me ver, e eu vou dizer que também é bom. depois cada um vai seguir como se nada fosse; mas a gente sabe que vai ser muito.

eu quero parar de pensar em você. eu quero muito.

quero tanto que escrevo esse texto como um despedida. e ele não precisa nem fazer sentido, ou ser bonito, ou poético, ou qualquer coisa que seja considerado literário hoje em dia. ele só precisa ser um texto sobre alguém que eu queria muito aqui agora, mas que eu não posso ter. e que provavelmente nunca vai ler nada do que eu escrevo. ou talvez leia, um dia, quem sabe.

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Marcela.

24. acadêmica de letras que se aventura no universo jornalístico. escritora em evolução. Instagram e twitter: @marcelazuos